quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

DAS PEQUENAS GRANDES COISAS DA VIDA


Raramente almoço em casa, hoje o meu marido fez-me a surpresa de estar à minha espera de almocinho comprado no meu restaurante preferido aqui do burgo, para podermos almoçar calmamente em casa. Adorei.

Confesso que sou um bocadito viciada em notícias e mal cheguei a casa pimba, toca de ligar uma televisão, como não costumo ter estes horários tão certinhos ainda não eram horas das notícias e apanhei o final do programa da Fátima Lopes, pois, um dos três que debitam angústia ao domicílio e não só, todas as manhãs.

Fui continuando na minha vidinha até a minha atenção ser captada pela história de um velho sapateiro que ao que entendi tinha pedido ajuda para reparar a máquina de coser calçado e ao que parece acabou por receber uma nova, terá prometido então oferecer sapatos por ele feitos a uma instituição de caridade.

Hoje regressou ao programa e foi passada a peça em que ele ofertava, como prometido os sapatos às crianças da Casa Sol.

Podem chamar-me piegas, parola, o que vos der mais jeito ou o que quiserem mas a ternura de quem deu e de quem recebeu tocaram-me profundamente. Abriu-me os olhos e fez-me acordar, pensar, no mal que aproveitamos o tempo que temos para viver, o nosso tempo já de si tão limitado.

Usamos mal o tempo que nos foi concedido, desperdiçamos vida com coisas e pessoas que o não merecem, consumimos energia, gastamos inteligência com porcarias, egoísmos, quando o poderíamos fazer com um desgaste muito menor, se tentássemos fazer algo por alguém e não falo de grandes gestos, coisas pequenas de todos os dias.

Achamos que todo o mal que vivemos, os comportamentos que temos se lavam todos na pia de água-benta e vamos progredindo, pensamos nós, quando apenas retrocedemos até a uma condição infra-humana, tantas vezes pensando que fazemos o percurso inverso.

Acredito que tudo na vida acontece com um propósito e que não foi por mero acaso que hoje me foi dada oportunidade de ver esta peça especificamente, como um abanão a lembrar-me de que há coisas muito importantes que nos passam ao lado apenas e só porque estamos atentos ao que nenhuma importância tem. ;)

8 comentários:

V. disse...

Ohh, não me digas que os comportamentos não se lavam numa pia nem se expiam em 50 minutos semanais que podem ser ao sábado ou ao domingo. E que não se pagam no cestinho...

Pois é Tita, tu sabes isso, eu sei isso, muitos de nós que por aqui andamos (na blogosfera) sabemos isso. E depois somos confrontados com o 5-à-sec da alma, com aqueles que acham que 50 minutos por semana, comer uma bolacha benzida e por uns trocos num cesto limpam o comportamento de toda a semana, de toda uma década, de todo um modo de vida.

(A minha próxima boa acção vai ser para uma associação de defesa de animais perto de mim, tenho coisas lá em casa que lhes posso dispensar).

Sabes em quem é que há um pouco de "sapateiro ofertor"? Em todos os que foram "sapateiros pedidores" e não se esqueceram do que foi que sentiram e do quão importante foi darem-lhes a mão. Infelizmente a maioria esquece que já foi "pedidor" como o sapateiro e hoje não oferece nada do que tem. Mentira, oferece: 50 minutos por semana e um benzimento fingido dito num estridente "amén".

mimanora disse...

É espantoso como as pessoas consideradas mais humildes nos dão exemplos tão grandiosos.
Esse sapateiro é com toda a certeza da velha geração que pouco tinha mas que muito dava. É uma geração de ouro que está a desaparecer sem que muitos de nós aprendamos com eles.
É uma geração que sabe verdadeiramente o significado da palavra solidariedade!

Mr X disse...

Queres com isso dizer que me vais oferecer um par de sapatos novos pelo noel?
:)
Vá... não te deixes consumir pela Fátinha. O que não falta por aí, diariamente, é malta a que podemos ajudar um pouquito.
São coias pequenas, de todos os dias. E tudo começa com um "bom dia" e um sorriso franco. A partir daí, tudo é fácil.
Um kiss grande.

PS: não vejas a Lopes hoje. Vai um carpinteiro...
:)

pensamentosametro disse...

Xxxxxxxxxxxxxxx,

Tu leste o texto todo?

Bjos


Tita

Anónimo disse...

Moral da história:
O marido todo contente a dar-te o prazer de almoçar em casa, e tu vês televisão...!!!!!
Oh Tita!

Mr X disse...

Era tarde...
:)

kris disse...

Por vezes tamos tão concentradas em coisas que gostariamos que acontecessem, ou coisas que simplesmente não acontecem e que não nos trazem felicidade nenhuma, que não vemos as pequenas coisas boas da vida...as mais simples coisas, que se aprendermos a reparar nelas...fazem toda a diferença.



beijo*

Anónimo disse...

Também já creio (que antes era céptica) que tudo acontece realmente com um propósito.


Abanões. Chamadas. Sinais.

Também os recebo. Ultimamente têm sido uma mais valia para mim. Para compensar o tempo em que não tive tempo de abrir os olhos para o mundo, o verdadeiro.

Gosto tanto de ti, Tita.

beijo

ovo*