segunda-feira, 20 de outubro de 2008

APENAS E SÓ RESPEITO




Democracia, palavra tão abrangente, contudo tão clara e tão difícil de entender para tantos.

Há poucos dias, como era esperado, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, recebeu um rotundo NÃO dos que dizem que nos governam.

Faz-me um bocado de confusão quando num estado de direito e num país que se orgulha até à babação de ser democrático que o partido da maioria, dito socialista obrigue à disciplina partidária os seus deputados, sobretudo num assunto tão pessoal como este.

De toda a forma e na generalidade se olharmos para os números da votação, a classe política reagiu, como aliás é hábito de forma se não homofóbica, pelo menos cobarde.

Afinal vamos todos pela hipocrisia e pelo preconceito, pelo julgamento da opção sexual de cada um com o argumento de que não é natural o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Afinal o que é e o que não é natural? Onde foram desenhados os limites? No caso presente, quer os senhores da política queiram ou não os casais que hoje têm a coragem e a dignidade de se assumirem como gays e lésbicas têm o direito de fazer uma vida normal como qualquer outro cidadão no que aos impostos transmissão de bens,entre outros, diz respeito, é apenas isto que querem, que a sua união seja reconhecida como legal e que possam usufruir dos mesmos benefícios, direitos e deveres que qualquer outro casal dito normal.

Talvez se lhe chamassem contrato ou uma outra qualquer coisa do tipo as hostes ficassem mais calmas e conseguissem pelo menos compreender, sem histerias, que aquilo que se pretende é muito simples, apenas e tão só uma vida normal como a de toda a gente que constroi um património em parceria e não o quer ver alienado após a sua morte em detrimento do companheiro/a, muitas vezes pelas próprias famílias que os baniram e desprezaram, por exemplo.

Muitas vezes empunhei a bandeira arco-íris e voltarei a fazê-lo sempre que for preciso, marcharei sempre ao vosso lado na luta pela conquista de direitos que deveriam ser vossos de forma natural.

Aos que me voltarem a perguntar-me, como já fizeram no passado se não tenho medo que me confundam com uma lésbica, respondo o de sempre, que se tiver que ser confundida que seja sempre com gente corajosa e lutadora e jamais com casais que nunca serão um par.

10 comentários:

V. disse...

Apesar de eu ser a favor que cada um vive e se expressa como quer - desde quenão atinja ninguém, acho que nem todos estão preparados para assumir as coisas. Um pouco ao género de quando foi o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez: uma série de cabeças de galinha (também posso ir pela teoria da conspiração) que achavam que o "não" ganhar era o mesmo que não haver abortos.

E assim se vai com a homossexualidadE: se não forem permitidos casamentos não há homossexuais.

Que é que queres.. são lógicas tão "boas" como outras quaisquer, só não vê quem não quer!

Beijinhos e boa semana!

pensamentosametro disse...

Thunderlady,

AHAHAH, tem piada porque ontem mesmo uma amiga que por acaso é lésbica disse exactamrnte o mesmo, mais precisamente:" estão convencidos de que se não falarem de nós, deixamos de existir, como o papão que se vai embora do telhado". É triste, é pequenino, pobrezinho um país que se quer afirmar como moderno fazer de conta que não existem pessoas, afinal tão normais e tão comuns como nós a quem se negam direitos quando se apregoa liberdade.

Bjos


Tita

Mr X disse...

Repara que nem é preciso ir por aí no que respeita a direitos e deveres do estado para connosco. As uniões de facto entre casais heterossexuais também conhecem os mesmos dramas legais.
Quanto a mim, é simples.
Faz-se um testamento em vida e mais nada.

pensamentosametro disse...

Mr. X,

Não acho que haja que facilitar, há que haver respeito e tratar toda a gente de igual modo. Heterosexuais que vivem uniões de facto porque sim, têm a ferramenta do contrato legal disponível, apenas optam por não a usar.


Bjos

Tita

wednesday disse...

Pois, infelizmente ainda há por aí muitas cabeças duras. Pessoas que simplesmente não querem porque vai contra os seus princípios. Esquecem-se que continuam com os seus princípios e só fariam mais pessoas felizes!...

Teresa disse...

Querida Tita, e como ando, ultimamente, com esta coisa do não "incomodar" debaixo da língua, só me veio à ideia isto: os grandes não gostam, de todo, de ser incomodados com questões que, se fossem resolvidas e tratadas com democracia efectiva (respeito e igualdade incluídos, pois então) deixariam de ser tão incomodativas para quem quer que fosse, em geral. Para gays e lésbicas, em particular.

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Deixo-te um beijinho, em jeito especial. Obrigada por tudo, por tudo.

Vanda, outro para ti.

Bruno, para ti também.

*

Jedi Master Atomic disse...

Pois é tita, mas é apenas uma questão de tempo até a lei passar ;)

Também já escrevi sobre isso no meu blog :P

V. disse...

Obrigada Ovita :)

Bjokas

Vera disse...

Olá Tita!
assino por baixo de cada uma das linhas que escreveste sobre este assunto. Também não me faz mossa que me apelidem de lésbica se me juntar às bandeiras arco-íris para reclamar um direito que acho que todos têm - amar quem lhes apetecer amar - e todos os direitos inerentes a esse!
também não entendo a disciplina partidária...pelo menos existe o Manuel Alegre para a romper...
Beijos

Rita disse...

A mim também me faz muita confusão como é que ainda há cabeças tão retrógradas. Estaremos mesmo no Séc.XXI???
Jokas