... ou talvez porque te ouvi a voz na rádio, lembrei-me de ti, António de quando tu não eras célebre e eu louca o suficiente para entregar o meu cabelo nas tuas super criativas tesouras.
Lembro-me bem dos dias do Baeta quando eu ansiosamente espreitava o espelho tentando adivinhar o resultado final da tua original genialidade e tu espreitavas a porta à espera de vislumbrar o par de olhos azuis de um tal fulano alto e loiro que amiúde convidavas para a tua cadeira e que insistia, sempre em ser atendido pela Elisa, tu sabias bem que era meu marido e repetias o convite sempre e cada vez de forma mais insistente e ousada, era uma espécie de ritual, uma brincadeira a que nós achávamos muita graça e o A., nem por isso, corava e tentava disfarçar sem sucesso um certo embaraço e nós ríamos com olhos, divertidos e cúmplices. Tenho saudades tuas.
Até um dia António.
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