quinta-feira, 24 de julho de 2008

TENHO SAUDADES TUAS


Muitas tantas, sempre, nos mais de dez anos desde que nos deixaste mas hoje, especialmente porque é Verão, porque o Verão era a nossa época, porque tenho vindo a reflectir sobre a amizade e quando falo de amigos lembro-me sempre de ti. Um amigo com letra maiúscula, conciliador, atento, generoso.


Da tua boca em anos e anos de convivência nunca ouvi sair o comentário mais pequeno sobre alguém que não fosse para elogiar, enaltecer, destacar algo de bom.


Se estivesses ainda entre nós terias à volta de 45 anos, o teu cabelo negro espesso, teria agora apontamentos grisalhos, os teus olhos negros, grandes, enormes, felizes, fieis conservariam aquele brilho, aquela forma gaiata, inquieta de olhar.


Tu, serias exactamente quem sempre foste, ávido de viver, mordias a vida como se não houvesse amanhã e tinhas razão o amanhã e esse aneurisma idiota traíram-te, roubaram-te de mim, de nós.


Quero que saibas, tu sabes, eu sei, que foste das pessoas que mais alegraram a nossa vida, ainda alegras, no que me diz respeito nunca foste verdadeiramente embora, este pequeno grupo de amigos que se tem vindo a alterar na sua génese, pois, (são sempre os mesmos que divorciam e voltam a casar e depois divorciam-se e tal), vês já estou a rir, falar contigo tem sempre esse efeito em mim.


Falar de ti é estar contigo e estar contigo é sempre para nós um misto de riso e lágrimas, sabes que sou danada para rir e para chorar, portanto estás a ver que a coisa acaba por se equilibrar.




Ainda há dias revimos aquele filme do Castelo do Bode, sim esse do memorável fim de semana de ski aquático, esse mesmo, o da paelha, da chuva de domingo à tarde e do jantar no Central da Golegã.


Agora, estou melhor, respiro melhor, a saudade deu lugar à alegria de te recordar, falar contigo, estar contigo, sempre me fez bem.


Também me faz bem sentir a tua presença, o aroma da tua colónia, aquela que já quase ninguém usa, 4711, sentado ao meu lado na areia molhada ao fim do dia, em silêncio, fitando o sol enquanto cai e se afunda no oceano , fazes-me companhia agora, com fazias antes e deixando o olhar perder-se no horizonte, continuamos a partilhar o amor pelo mar, pelos cheiros do verão, pela beleza, renovada, a cada dia, de um pôr do sol, pelas coisas, boas, pequenas, deslumbrantes da vida.


Nunca deixes de estar presente na minha vida meu amigo, nem que seja desta forma leve e invisível de todos.


Sei que nos voltaremos a olhar, olhos nos olhos, um dia e que um a um nos voltaremos a reunir todos para em algum lugar de que ainda não conheço o nome gozarmos o Verão, o calor e o mar.

8 comentários:

V. disse...

**

Gi disse...

O que ele vai gostar de ler o teu blogue quando te encontrares com ele.

Anónimo disse...

Abraço forte, Tita.

Um beijinho enorme. De mim para ti e de ti até ao céu!

Teresa

SONHADOR disse...

Assim se descreve um bom AMIGO.
Pena é que nos tenha deixado fisicamente pois, gente assim, é muito dificíl encontrar.

Bjos do sobrinho.

najla disse...

Há alguns tipos de saudades. Há a saudade de tempos que foram e que depois dão lugar a outros. Há a saudade da distancia, mas que sempre se tenta remediar. E depois há esta saudade. Uma saudade dorida. A dor da ausência é a sua essência.

Anónimo disse...

Cheguei aqui nas asas da Borboleta e parei. Gostei muito e vou voltar, claro!

Anónimo disse...

Também tu então... por um mistério sentes a saudade de forma açambarcante... não somos muito diferentes!

Rita disse...

A saudade é mesmo dura de roer, não fosse a esperança de um reencontro algures no infinito e tornar-se-ia insuportável...
Jokas