domingo, 22 de fevereiro de 2009

ARMADILHAS


"Paradas e procissões, fado, touros e bola, são as tristes distracções de um povo que pede esmola..."


A falta de cultura política, gerada pela opressão e pelo medo, justificava-se plenamente nos anos que antecederam o 25 de Abril.

No nossos dias não entendo, sem querer, de forma alguma ferir susceptibilidades, o desinteresse, a falta de espírito combativo, a apatia reinante em relação às coisas da política que afinal, são as coisas de todos nós.

Será que afinal é verdade e que cada povo tem mesmo o governo que merece?

Não descansem sobre a ideia de que uma ditadura seria impossível neste momento neste nosso país. Que os guardiões do estado de direito estão atentos. Não se iludam, não caiam na armadilha do facilitismo. Como diz o povo, "à primeira todos caem, à segunda só cai quem quer".

Alarmismo meu? Talvez, ou então apenas o não querer voltar a viver sem a liberdade de coisas tão simples como reunir mais de três amigos à mesa do café, não poder comprar os livros que quero, ler jornais não censurados, ver os filmes que o resto do mundo vê, sem cortes, sem medo, sem ter que me esconder.

Não acreditem que a fera do antigo regime, da ditadura, está morta e enterrada, talvez esteja, quero acreditar que está, embora aqui e ali se reconheçam tiques e manias a lembrarem outros tempos, outros dias. Não descansem não se alheem da vida política do vosso país, não fechem os olhos, não encolham os ombros porque a cadela que gerou a tal fera, anda outra vez no cio...

5 comentários:

kris disse...

Tita

correremos os risco de voltarmos a uma ditadura?acho que estamos lá perto...mas com um nome diferente "maioria absoluta".

Um bom domingo :)

beijo

Mozka Tché Tché disse...

Engraçado como algumas pessoas andam a tentar alertar para esta possibilidade, quanto a mim já existente e muito real. Até a "ilusão dos sentidos", blog dedicado à música, tem no mais recente post um grito.
Por meu lado, lá vou continuando dizer mal do dirigente-mor.
Tudo o que este país tem feito aos seus é tirar-lhes a vontade, o espírito de iniciativa, a construção.
Depois de esfrangalhar o orgulho e a vida, é muito fácil fazer-se o que se quer.

V. disse...

Não creio que ninguém ande a dormir, desinteressado ou apático.

Simplesmente há um dia para ir à urna. Até esse dia o resto das nossas vidas continua. Na hora da urna reservo-me (e por enquanto) a liberdade de pôr a cruz no quadrado que escolher - quem sabe até fora dele.

Até lá basta-me ver as barbaridades (e não são só as deste governo, todos as cometem) que se vão cometendo e ir observando para nessa mesma hora de ir à urna votar o que eu vou julgar ser o melhor voto para o nosso país. Mas até lá já me basta "sofrer" as medidas todos os dias, dispenso ir procurá-las.


E por falar nisso, o solinho está aí a pedir para ser aproveitado!

Lá vou eu.. para as lides, ahahahahaha


Bj

(Quanto à observação de cada povo ter o governo que merece acho que o nosso não merece nenhum governo: a grande e absoluta maioria das eleições é sempre a abstenção)

SONHADOR disse...

+ uma vez, subscrevo a Thunderlady.

beijos.

cai de costas disse...

É.
E sim, cada um tem o que merece.