
Lá fora o calor cresce, sigo com o olhar as janelas e portas que trepam as paredes tentando alcançar o tecto lá em cima, protegida pelas paredes grossas desta casa antiga que teimei em recuperar sem desconstruir desfruto da frescura do interior gozando contudo a brisa escaldante que se escapa entre dois acenos da cortina leve. Lá fora reina no pátio, o seu reinado efémero, o sol, implacável, que espreito daqui de dentro onde protegida, me entrego e me deixo, sem reservas, divagar.
Gosto destas horas raras de solidão provisória, deste torpor, quando completamente a sós me é permitido viajar dentro desta casa, usufruir dela em pleno.
Depois de um mergulho breve, deixo enxugar o fato de banho no corpo, à sombra, dentro da frescura da sala, deitada na chaisse longue, sinto invadir-me pelo arrepio de frio breve e completamente a descompasso dos quase 40 graus que se fazem sentir lá fora, silêncio absoluto, daquele tão pesado que se faz ouvir.
Demasiada solidão, levanto-me procuro nas minhas estantes a companhia antecipadamente eleita e que me falta, tem tudo a ver com o dia, o momento presente. - A casa dos espíritos - Isabel Allende - mais uma vez, hoje, particularmente hoje, a companhia perfeita, porque o momento me lembra o livro e sobretudo porque apenas leio livros que se vestem e cheiram e vivem, que se confundem comigo e levam dias e dias a despir. Abro-o e imediatamente reencontro velhos conhecidos.
Capítulo I
ROSA, A BELA...
( Até já ...)